Projeto Árvore de Natal Temática e Presépio – Floresta Portuguesa
Está montado no Laboratório de Física, no pavilhão D, caso tenham oportunidade poderão visitar esse espaço. Despertem a vossa curiosidade vendo as fotografias que se seguem. Foi organizado e dinamizado por alunos das turmas 1.ª e 2.ª do 7.º ano de escolaridade, 5.ª e 6.ª do 8.ºano de escolaridade, orientados pela sua professora de Físico-Química, Angelina Fortes (Grupo de Recrutamento 510). A ideia surgiu devido aos incêndios que afectam Portugal todos os anos. De seguida recordemos a…
…Floresta Portuguesa
Poucos bens têm tanto valor em tão diversas frentes. A floresta tudo dá, gera riqueza, pincela paisagens únicas, alberga um sem-número de vidas, limpa os ares, purifica águas, protege o solo, dá emprego, deslumbra turistas e ainda enriquece a gastronomia. Dá resposta a cada um dos três pilares do desenvolvimento – economia, sociedade e ambiente. A sua evolução entrelaça-se com a de Portugal, nas suas estórias e na sua História. Como o faz no presente e promete no futuro.
Portugal tem mais de um terço do seu território coberto com florestas e bosques. Este é um dos maiores e mais importantes recursos naturais do país e tem dado provas disso. Do abrigo e alimentação com que protegia as gentes de outrora, à pasta de papel ou à cortiça que hoje alimentam uma fatia importante da economia nacional, a floresta deu o material que levou os portugueses a outras paragens ou que permitiu que a ferrovia assentasse carris pelo país fora.
Em tempos remotos, imperavam os carvalhos, os sobreiros e as azinheiras. Ancestrais são também os castanheiros, as cerejeiras-brava, os loureiros, os teixos, as bétulas, os salgueiros, os amieiros ou os freixos, entre muitos outros.
A necessidade de terras aráveis e pastos deu a primeira machadada nessas florestas. Ao longo da História do país, a paisagem sofreu tremendas mudanças. No início do século XIX, a floresta cobria apenas 10% do país. Ao longo do tempo, a floresta alimentou, tanto com as espécies que acolhia como com os seus frutos e bagas, iluminou, aqueceu, abrigou e deu rendimento às famílias.
Hoje continua a fazê-lo, embora as protagonistas sejam outras. Há uma que resiste: o sobreiro, uma espécie de extraordinária generosidade. Nela assenta uma das mais importantes indústrias nacionais.
A mais antiga destas novatas é o pinheiro-bravo, campeão das campanhas de florestação do século passado. No Norte e Centro do país acabou por dominar boa parte da paisagem, alimentando serrações, oferecendo a resina cujo uso acabou por cair em desuso e potenciando o aparecimento de uma empresa que hoje é das mais importantes do país.
Durante anos, liderou a tabela das espécies predominantes no país. Mas é uma espécie hoje em declínio, sobretudo devido aos incêndios que encontram na sua resina um combustível de excelência e na continuidade das plantações o pasto ideal para ganhar velocidade e força.
A meio do século passado, emerge outra espécie: o eucalipto, vindo da Austrália e Tasmânia. O rendimento que gera ao produtor florestal tornou-o num investimento interessante que levou a que, face à ausência de regras orientadoras, crescesse onde devia e não devia, criando contínuos florestais que, pouco geridos, possibilitam um excelente campo para os incêndios. Erros que o tempo e o conhecimento estão agora a tentar corrigir.
No primeiro lugar das árvores com maior presença em Portugal está o tão mal-afamado eucalipto, estrangeiro e que ainda hoje é visto como uma maldição. Acusado de mil e uma tropelias, o seu maior defeito é o que os homens fazem dele. Indiferente à terrível fama que carrega, o eucalipto é a base da empresa de capitais portugueses que mais exporta.
Muitas outras espécies chegaram, viram e venceram. Uma entre estas, é hoje sinónimo de praga. A acácia mimosa é uma invasora infestante que obriga a fortes investimentos para erradicar, o que nem sempre é coroado de sucesso. Reproduzindo-se muito facilmente e em muito pouco tempo, formam áreas densamente povoadas que impedem o desenvolvimento da vegetação natural.
A mais-valia económica da floresta não se reduz à equação papel-cortiça-madeira.
Há todo um mundo diversificado que tem, como principal vantagem, a oferta de respostas para muitas comunidades que ainda persistem nos meios rurais. Alguns exemplos: o tão suculento porco preto depende da bolota da azinheira, o pinhão está em crescimento, a castanha também assim como o medronho. O mel, os cogumelos ou a caça são outras das oferendas das florestas nacionais.
A floresta é também o território de excelência para o turismo, outra das mais produtivas fontes de divisa nacionais. Das paisagens que mudam a cada curva nas serranias do Gerês ou de Montesinho à deslumbrante simplicidade do montado. A riqueza não se esgota aqui, nos empregos, nas exportações, nas vendas, no lazer. São aves, são plantas, são zonas excecionais que transformam Portugal num país riquíssimo. A acrescer a já tão grande espólio, acresce o sequestro do dióxido de carbono, a proteção do solo, a regulação da qualidade da água e do ciclo hídrico.
Estamos longe de uma floresta dominada por Quercus (carvalhos, azinheiras e sobreiros), como era no passado. Já muito se errou, já muito se corrigiu e há ainda muito a aprender.
A floresta portuguesa já muito evoluiu, regrediu, progrediu e transformou-se. Umas vezes conduzida pelas mudanças naturais, outras pela mão do Homem. Essencial à vida, fonte de riqueza, paleta de algumas das paisagens mais bonitas do país, a floresta portuguesa.
(Adaptado de Floresta em Perigo-Público)
Angelina Fortes (Grupo de Recrutamento 510)
Veja as fotos aqui